Manifestações Patológicas em revestimentos argamassados
- JM Engenharia Diagnóstica
- 7 de jul. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 29 de mar. de 2021
O cimento é considerado o segundo material mais consumido no mundo, perdendo apenas para a água, e a união destes materiais, em conjunto com outros agregados miúdos, produzem os revestimentos argamassados, popularmente conhecidos como reboco. Sua utilização não se justifica apenas pelo fator estético, mas também por apresentar uma boa durabilidade, quando executado de maneira correta. Esse sistema possui diversas funções, entre elas: proteger a base de agentes agressivos, contribuir para o isolamento termoacústico e na estanqueidade de água e gases. Também é um revestimento que apresenta boa capacidade em absorver deformações sem perda significativa de desempenho, além de fornecer uma superfície adequada (homogênea, regular, plana e suficientemente resistente) para garantir as prescrições arquitetônicas.
Mas como qualquer outro material, também estão sujeitos a sofrer deterioração quando em contato com o meio ambiente, que podem acontecer sob três óticas distintas, sendo classificadas como: ataques físico-mecânicos, ataques químicos e ataques biológicos. Vale ressaltar que é comumente constatado na prática a sobreposição destes ataques nos revestimentos. De maneira geral, a origem dos danos são devidos a baixa qualidade dos materiais utilizados na mistura, deficiências na composição dos traços, erros executivos e fatores externos.

As anomalias e falhas presentes nos revestimentos argamassados são constatadas em sua grande maioria nas fachadas das edificações, devido a sua maior exposição a agentes agressivos. As principais manifestações patológicas encontradas neste sistema são: Fissuras, descolamentos, manchamentos, eflorescências, vesículas e pulverulência.
Fissuras
Deve-se haver um cuidado maior na investigação de fissuras nos revestimentos argamassados, pois em diversas ocasiões estas avarias podem ser ocasionadas por outros sistemas, subsistemas e elementos da edificação, não estando associada diretamente ao revestimento. Entretanto, para os revestimento argamassados, as fissuras podem se apresentar de inúmeras maneiras, podendo ser mapeadas e geométricas:
Fissuras mapeadas
As fissuras mapeadas são caracterizadas por não ser possível identificar nenhuma característica geométrica, apresentando-se de maneira aleatória (mapas). Estas anomalias estão associadas ao fenômeno de retração, podendo ser tanto no estado plástico da argamassa como no estado endurecido. A retração está diretamente relacionada com o consumo de aglomerantes (cimento), elevada porcentagem de finos na mistura, bem como da quantidade de água de amassamento. Ressalta-se que diversos outros fatores podem influenciar no surgimento destas fissuras, tais como: número de camadas aplicadas, excesso de desempenamento, aderência com a base do substrato, tempo de aplicação das camadas, perda de água excessiva no endurecimento, podendo estar associado ao clima ou ventilação elevada.

Fissuras geométricas
As fissuras geométricas requerem um estudo detalhado referente a sua origem, e podem ser oriundas de movimentações estruturais, sobrecargas na alvenaria, recalques, entre outros. Estas manifestações ainda podem ser classificadas como ativas (sazonais ou progressivas) e passivas. Manifestações ativas do tipo sazonais, são aquelas que variam em função das mudanças climáticas, enquanto aquelas progressivas, estão sempre em constante aumento de espessura.
De maneira geral, as fissuras geométricas que estão diretamente relacionadas ao revestimento argamassado, podem ser causadas pela retração higrotérmica dos componentes ou nas interfaces da base constituída de diferentes elementos. Na imagem a seguir, observa-se com clareza fissuras e trincas no revestimento argamassado na região de contato entre a platibanda e a viga.

Fonte: (SAHADE, 2005)
Descolamento
O descolamento do revestimento, pode ser ocasionado por inúmeros fatores, entretanto, os principais causadores deste tipo de manifestação são: baixa absorção e rugosidade do substrato, limpeza inadequada da base, presença de material pulverulento e a presença de óleos, graxas e tintas. A melhor profilaxia para esta anomalia, está associada ao controle de qualidade no processo executivo desse sistema, devendo haver um cuidado em relação ao traço da argamassa, limpeza e preparação adequada da base para o posterior recebimento do revestimento, controle das atividades de sarrafeamento (reguamento) bem como do desempeno, entre outros.
Ressalta-se ainda, que em determinadas situações ocorre o descolamento devido a reações expansivas, ocasionadas quando utiliza-se a mistura com gesso no revestimento. Esta prática errônea ainda é muito utilizada, pois com aplicação deste material na mistura argamassada há uma diminuição no tempo de pega da argamassa, ou seja, ocorre um endurecimento mais rápido da mistura. Entretanto, após o hidratação do cimento (plastificação da mistura), ocorre a formação de produtos expansivos (etringita).

Manchamentos
O manchamento se caracteriza por ser uma das principais manifestações patológicas de fachadas. Esta anomalia é causada por diversos fatores, tais como: presença de umidade, deposição de resíduos/sujeiras provenientes do ar, agentes físicos-químicos, agentes biológicos (biodegradação), bem como de agentes climáticos. Caso atuam de maneira isolada, de forma a apresentar apenas escorrimentos ou sujidades, influenciam apenas no aspecto estético da edificação. Entretanto, com o passar do tempo, pode haver a proliferação de fungos e bolores, aumentando a umidade nestas regiões, acentuando outras anomalias mais graves. Ressalta-se ainda que a inexistências/ineficiência de elementos arquitetônicos, como a pingadeira nas regiões das janelas e nas platibandas, favorecem o surgimento destes danos.

Eflorescência
A eflorescência consiste no depósito de sais solúveis na superfície do revestimento, apresentando aspecto esbranquiçado. De maneira sistemática, a eflorescência consiste na dissolução do hidróxido de cálcio (Ca(OH2)), que é solúvel em água, que em contato com CO2 na superfície ocorre a cristalização, formando as manchas esbranquiçadas características desta manifestação patológica. Para que ocorra a eflorescência é necessário que exista umidade, fonte de sais solúveis, condições ambientalmente favoráveis e um meio poroso.

Vesículas
As vesículas são manifestações patológicas bastante comuns nos revestimento argamassados, onde são caracterizadas por pequenas cavidades, podendo ser causadas por matéria orgânica na areia (interior da cavidade escura), partículas ferruginosas na areia (interior da cavidade vermelho), além disso, pode estar associadas a hidratação retardada de óxido de cálcio não hidratado da cal hidratada presente na argamassa (interior com aspecto esbranquiçado).

Fonte: (Caporrino, 2018)
Pulverulência
A pulverulência no reboco é um fenômeno bastante comum em fachadas de edificações, sendo caracterizada pela perda significativa das partículas que compõem a base do revestimento. Pode ser causado por excesso de finos no agregado (material pulverulento), traço da argamassa de revestimento pobre em material aglomerante (cimento), temperatura elevada através da grande incidência de raios solares, entre outros.

Para saber quais providências devem ser tomadas, é necessário um diagnóstico minucioso destas avarias, sendo essencial a constatação in loco das mesmas. A JM Engenharia Diagnóstica possui profissionais qualificados e com experiência para caracterização destas anomalias/falhas e lhe dar todo o suporte necessário para as tomadas de decisões. Entre em contato clicando aqui.
REFERÊNCIAS
CAPORRINO, Cristiana Furlan. Patologia em Alvenarias. 2018 - 2° Ed. - São Paulo, 2018 - Editora Oficina dos Textos.
SAHADE, Renato Freua. Avaliação de sistemas de recuperação de fissuras em alvenaria de vedação. 2005. 169 f. Dissertação (Mestrado em Habitação) - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, São Paulo, 2005.
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